Foto: Gabriel Haesbaert (Diário)
A relação de grande parte dos brasileiros com o dólar é invisível. Apesar de a moeda ser americana, produtos comuns do dia a dia são influenciados por sua variação.
Na quarta-feira, o dólar fechou a R$ 4,06, no patamar mais alto dos últimos dois anos.
Com esse resultado, nos próximos dias, o pão francês, o macarrão, os produtos de limpeza, a gasolina, os itens eletrônicos e até mercadorias vindas da China ficarão mais caras.
O professor de economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Marcelo Kfoury explica que cerca de 10% dos produtos da cesta básica contém matéria-prima cotada no mercado financeiro internacional:
- Arroz, feijão e petróleo, por exemplo, fazem parte das negociações no exterior - afirma.
Para o especialista, a situação é complicada porque só agora é que a inflação está se recuperando da greve dos caminhoneiros:
- Com essa disparada do dólar, não haverá fôlego. Os preços vão continuar subindo durante os próximos meses - diz.
Produtos de higiene e alimentação são os que mais aumentaram os preços
De acordo com Claudio Zanão, presidente da Associação das Indústrias de Biscoitos, Massas e Pães (Abimapi), produtos que têm o trigo como matéria-prima são os que mais sentirão o impacto:
- Metade do consumo do cereal no Brasil depende da produção de outros países, como a Argentina e o Canadá.
Thiago Berka, economista da Associação Paulista de Supermercados (Apas), diz também que os mercados vão precisar repor em breve os estoques de produtos de limpeza:
- Há alguns dias a disparada do dólar preocupa as empresas. Com estoques acabando, será preciso pagar mais para repor. E isso terá consequências para o consumidor final.
A alta da moeda americana é resultado das indefinições políticas do Brasil, explica o professor Kfoury:
- São os investidores do mercado financeiro antecipando as consequências da eleição deste ano - afirma.